COM AS BARBAS DE MOLHO - NOVAMENTE O PT E LULA!!
Barbas de molho
por Nelson Motta
RIO DE JANEIRO
Minha experiência pessoal com barba é péssima.
Uma única e escassa vez, num distante verão, tentei deixar crescer uma barba.
Mas, depois de duas semanas sofrendo com o calor, o suor e coceiras torturantes, desisti.
Foi ótimo.
Além de uma sensação de frescor e limpeza, todos que me encontravam diziam:
"Você está parecendo mais jovem, o que é que você fez?"
Tinha só raspado a barba.
Mas esta chateação diária masculina, movida a espuma e gilete,
enfrentando o espelho, não pode ser vista apenas como um ornamento viril
ou uma opção visual dos homens brasileiros.
Pelo menos desde a fundação do PT.
Pela primeira vez um partido político, além de ser mais ético,
mais generoso e solidário do que os outros,
exibia até uma espécie de identidade visual nas barbas de seus líderes
e militantes, talvez por inspiração dos barbudos de Sierra Maestra
e seus nobres ideais.
Surgia um novo tipo popular:
o "barbudinho do PT".
De qualquer forma, planejada ou não,
foi uma boa jogada de marketing,
um símbolo de homens guerreiros,
viris e justiceiros.
O vermelho, a estrela e a barba.
Claro, uma barba não faz um homem melhor ou pior do que ele é,
há barbudos para todos os gostos, do bem e do mal,
dependendo de quem vê, de Lula a Paulo Coelho,
de Papai Noel a Fidel.
Muita gente usa barba para dar um desenho melhor ao rosto,
para encobrir lábios finos (ou grossos)
ou disfarçar uma papada.
Uns a usam para se esconder, outros para se exibir.
Independente de gosto pessoal, o fato é que barbas protegem
muito bem o rosto em climas frios
– mas são totalmente inadequadas e desconfortáveis no calor dos trópicos.
O PT reluta em assumir suas dívidas e a punir seus delinqüentes,
mas ao mesmo tempo diz que quer se refundar e
mostrar uma cara limpa.
Quem sabe, para começar, raspar as barbas?
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