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AMOR NATURAL CULINÁRIA

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sexta-feira, maio 19, 2006

NOS 10 ANOS QUE NOS DEIXOU - VOCÊ CONHECEU O PROFETA GENTILEZA??

Olá amigos! Hoje eu estou homenageando um amigo do Rio de Janeiro, que durante muito tempo li e reli nas manhãs sonolentas, indo em direção ao trabalho, nas pilastras do Elevado da Perimetral.
Um homem que por muito tempo foi classificado como louco, perambulandopelas ruas do Rio de Janeiro, com suas roupas brancas e suas placas com textos falando da PAZ E DEUS, e que agora é respeitado como figura importante de nossa história recente, cuja obra em cerca de 20 pilastras foram tombadas pelo Patrimônio e recuperadas há alguns anos, por uma Universidade do Rio de Janeiro.
Agora, prestes a completar 10 anos de sua morte, estas obras carecem novamente de restauração, pois foram pixadas por vândalos! Queremos ver a preservação da sua obra e de toda aquela que fale de PAZ e AMORRRR!! Saudades, Gentileza!!
Bom final de semana!

PEQUENA BIOGRAFIA
José Datrino, o Profeta Gentileza, nasceu em Cafelândia-SP e aos 20 anos foi para o Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis. No Rio de Janeiro, chegou a ser dono de uma empresa de transportes de carga. Em 1961, após o incêndio no "Circo Americano", que matou 500 pessoas, a maioria crianças, na antevéspera do natal, Gentileza acordou ouvindo "Vozes Astrais", que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio, plantou jardim e horta sobre as cinzas e viveu ali quatro anos, confortando os familiares dos que morreram. Gentileza foi um personagem andarilho, messiânico, passou 35 anos nas ruas pregando a gentileza e suas virtudes e se autodenominou "Profeta". Aos que o chamavam de louco, respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar". Em maio de 1996,faleceu na cidade de Mirandópolis-SP.,onde se encontra, no Cemitério "Saudades".


O QUE ALGUNS DISSERAM SOBRE ELE

1)"...Houve um homem enviado ao Rio por Deus. Seu nome era José da Trino, chamado de Profeta Gentileza (1917-1996). Por mais de vinte anos circulava pela cidade com sua bata branca cheia de apliques e com seu estandarte, pregava nas praças e colocava-se nas barcas entre Rio e Niterói anunciando sem cansar:”Gentileza gera Gentileza”. Só com Gentileza, dizia, superamos a violência que se deriva do “capeta-capital”. Inscreveu seus ensinamentos ligados à gentileza em 55 pilastras do viaduto do Caju, à entrada da cidade, recuperados sob a orientação do Prof. Leonardo Guelman que lhe dedicou um rigoroso trabalho acadêmico, acompanhado de video e um belíssimo um CD-ROM com o título Universo Gentileza: a gênese de um mito contemporâneo.

Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.
Sua mensagem é de extrema urgência no Rio dos dias atuais. Não bastam os patronos que temos, São Sebastião e São Jorge. Eles ainda usam símbolos de violência, a flecha no corpo e a lança contra o dragão. Precisamos de um símbolo puro como o Profeta Gentileza."(Leonardo Boff/abril 2004)

“Este é o profeta Gentileza que gera gentileza, amor, mostra a maldade da humanidade”, apresenta-se na pilastra de número 14 aquele que nasceu na cidade paulista de Cafelândia, com o nome de José Datrino. A idéia de um mundo regido pela gentileza foi pregada por Datrino desde que, em dezembro de 1961, abandonou família e profissão para assumir uma nova identidade.

Consolar os parentes das vítimas do incêndio de um circo em Niterói, mudar-se para o local da tragédia e semear ali um jardim de flores foi sua primeira missão. Como autêntica fênix que renasce das cinzas, Gentileza começou ali seus 35 anos de peregrinação. “O valor fundamental deste homem que ressurge é a gentileza. É ela que irá calçar suas relações”, diz Leonardo Guelman, coordenador do projeto Rio com Gentileza.(O Globo - 01/03/2001)




NUVENS DO PROFETA GENTILEZA
Miguel Falabella - 13.03.2006

"Eu vinha dirigindo pela enseada de Botafogo, o dia tinha nascido sobre o desfile da Beija-Flor e a manhã soprou uma brisa fresca, antes de o Sol inundar tudo. Mas lá vinha eu, cansado, de janela aberta, sorvendo o ar da minha cidade, feliz da vida, quando apertei a tecla errada no aparelho de som e, ao invés de entrar o samba da Grande Rio, Ella Fitzgerald surgiu cantando Cole Porter, com aquela doçura e categoria de sempre. Imediatamente, o mundo mudou lá fora, minha cabeça deu uma guinada violenta e o olhar foi redirecionado. Ela mal começou a cantar e o olhar foi redirecionado. Música faz isso com a gente, às vezes.

Música nos atira para o ar de repente, sem aviso. É isso. Rouba o chão e estende um tapete de nuvens no lugar. Ella Fitzgerald fez isso, esta manhã, quando eu dirigia pela enseada de Botafogo, achando linda a minha cidade, imaginando o que será dela num futuro que eu não verei. Um futuro distante, quando arqueólogos importantes recuperarão parte dos grandes blocos de concreto com as inscrições do profeta Gentileza, aquelas mesmas que me acostumei a ler e reler nas idas e vindas da Ilha. A beleza gráfica das letras e a composição de suas profecias, de suas palavras de amor. E simplesmente apagaram tudo. Não tiveram sequer o bom senso de perguntar a nós, moradores da cidade, para quem as palavras eram dirigidas. Junto com as palavras de Gentileza, afogados na tinta do poder, vão-se pedaços das minhas viagens e dos meus sonhos, sacolejando nos ônibus, o olhar perdido na feia paisagem da Avenida Brasil, os olhos adolescentes projetando seus sonhos no comprido muro do cemitério do Caju. Tudo apagado. Por um tempo, talvez. Quem sabe, por esses misteriosos descaminhos, aquelas não sejam tábuas de uma grande religião do futuro, preservadas sob a tinta que um dia quis destruí-las. Sei lá, pode ser que aconteça. E pode ser também que tudo desapareça num tapete de nuvens. Mas prefiro acreditar nos mistérios que a vida volta e meia oferece..."...


Visite o site oficial do Gentileza: www.gentileza.org.br
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