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CPI do Mensalão pode ser encerrada nesta quarta-feira
Para prosseguir trabalhos, Comissão precisará de apoio de, no mínimo, 27 senadores e 171 deputados
BRASÍLIA
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão pode acabar nesta quarta-feira (16), com um relatório capenga. Exatamente quarta-feira, à meia-noite, encerra-se o prazo para o funcionamento.
Para continuar em atividade, terá de ser prorrogada com o apoio de, no mínimo, 27 senadores e 171 deputados.
No Senado, foram colhidas 30 assinaturas.
Na Câmara, o deputado José Rocha (PFL-BA), encarregado de trabalhar pela prorrogação dos trabalhos, anunciava hoje que tinha 15 apoios.
"O ideal será a prorrogação. Mas se a CPI não for prorrogada, tenho condição de entregar meu relatório na quarta mesmo. Claro que não será um relatório substancial das coisas que apuramos nestes meses de investigação", admitiu o relator da CPI, Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).
O deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que poderá apoiar a prorrogação por um mês para que dê tempo de Abi-Ackel fazer o relatório.
Rocha estava pessimista com a possibilidade de prorrogação.
"Não está fácil, principalmente agora que o governo está vigilante por causa da prorrogação da CPI dos Correios. Mas vamos fazer um esforço", disse ele.
PFL e PSDB anunciaram que assinarão a CPI, mas juntos têm apenas 115 deputados.
Teriam ainda de contar com a ajuda de parlamentares de outros partidos. "Comecei a coletar as assinaturas na quinta-feira (10)", disse Rocha, admitindo que a oposição cochilou.
O senador Sibá Machado (PT-AC), espécie de líder do governo na CPI, está eufórico com a possibilidade de acabar.
"Olha, essa CPI não faz mais o menor sentido. Desde o momento em que ela produziu, com a CPI dos Correios, os relatórios que motivaram a abertura de processo contra deputados suspeitos de receber dinheiro do Marcos Valério (Fernandes de Souza), acabou sua função", disse Sibá.
As duas CPIs encaminharam à Mesa da Câmara representação contra 18 deputados.
Quatro deles - Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), José Borba (PMDB-PR), Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PL-SP) - renunciaram. Outros 14 continuam a responder a processo por quebra do decoro parlamentar, entre eles o ex-ministro José Dirceu (PT-SP).
"Não estamos avançando nem nas investigações sobre a compra de votos para a reeleição.
Essa CPI não tem mais sentido", disse Sibá. "Temos de concentrar nossas forças na CPI dos Correios, que investiga a origem do dinheiro", afirmou ainda ele.
A CPI do Mensalão nunca teve a força da concorrente dos Correios. Embora seu objetivo fosse investigar a compra de votos, tanto pelo pagamento de mesadas a parlamentares da base do governo para que votassem a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto, quanto para a aprovação da emenda da reeleição, em 1997, enfrentou problemas.
Seus integrantes alegavam que sofriam boicote por parte da CPI dos Correios, que não os deixavam ver documentos sigilosos.
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