A TERAPIA DE COZINHAR - EU ADOROOOO!!
Vale a pena ler esta entrevista, é importante cozinhar, mas saber o porque da nutrição também... Beijos!!!
A terapia de cozinhar
Entrevista com Sonia Hirsh
“Cozinhar é meditar”, afirma a jornalista e escritora Sonia Hirsch.
Entre 1976 e 1982, Hirsch estudou alimentação e medicina natural e oriental.
Como jornalista, dedicou-se a escrever sobre seu novo campo de conhecimento: a alimentação como base da saúde.
Em dezembro de 1983, publicou seu primeiro livro, Prato Feito, pelo selo Ibase-Codecri. Logo depois, saíram mais três pela Editora Rocco - Sem Açúcar com Afeto, Mamãe Eu Quero e O menino que não queria comer - e um autopublicado, Deixa sair, em dezembro de 1985.
Desde então, passou a ter sua própria editora.
Faz cartilhas em quadrinhos sobre alimentação e aleitamento materno. Em 1987, publicou Inhame Inhame, o melhor da festa e Boca Feliz.
Em 1990, escreveu e publicou Manual do Herói, em que colocou ao alcance de leigos e estudiosos os conhecimentos básicos da medicina e da dietética chinesa;
Com este livro ultrapassa o conceito de alimentação natural e entra nas questões mais profundas da alimentação.
Em 1992, completou um banco de dados sobre valores nutricionais e começou a escrever O mínimo para você se sentir o máximo, lançado em maio de 1993.
No principio de 1995, lançou Só para mulheres, um extenso trabalho de pesquisa sobre a saúde da mulher. Em 1997, apresentou A dieta do Dr. Barcellos contra o câncer (e todas as alergias). Em 2002, lançou Meditando na Cozinha, coleção de 25 crônicas ilustradas por Celina Gusmão, publicadas originalmente na revista Bons Fluidos.
Em 2005, escreveu e lançou ATCHIIIM!, sobre as formas caseiras de entender, tratar e evitar gripes, resfriados, alergias & derivados.
Dirige e apresenta um programa semanal sobre saúde na rádio Mec do Rio de Janeiro.
A entrevista que segue foi concedida por e-mail para a revista IHU On-Line.
IHU On-Line – Cozinhar pode ter efeito terapêutico?
Sonia Hirsh – Claro. A tendência do cozinheiro é construir harmonia entre cores, formas, sabores, texturas, aromas. Essa é a função oculta de muitos trabalhos manuais como tecelagem, marcenaria, bordado, montagem de miniaturas de navios. Nós transformamos coisas em alimentos, usando para isso os recursos e rituais apropriados, ainda que seja somente lavar e colocar no prato. Isso pode ser profundamente harmonizador se a pessoa estiver bem envolvida com o processo. Além disso, o cozinheiro lida com elementos e conceitos básicos da vida: água, fogo, quantidade, tempo, instrumentos. Fazer isso de modo adequado, produzindo uma comida saborosa e nutritiva, dá muito contentamento. É o que tantas pessoas traduzem como "fazer com amor". Amor é o reconhecimento do que é bom em cada coisa e cada pessoa. Cozinhar pode ser muito bom.
IHU On-Line – Como é possível compreender por que comemos o que comemos e por que o fazemos dessa ou daquela maneira?
Sonia Hirsh – Do mesmo modo como compreendemos por que amamos o que amamos e por que o fazemos dessa ou daquela maneira. Ou seja, não é sempre que se consegue. O ato de comer pode ser sensato num momento, e no outro completamente anárquico, movido por desejos cuja satisfação traz mais desejos. Além disso, tanto a frugalidade quanto a opulência no comer têm significante cultural, psicológico, social, ambiental, religioso. É muita coisa ao mesmo tempo. Uma batata frita é muito mais do que uma batata frita.
IHU On-Line – Os conceitos da cultura oriental podem ajudar para uma atitude mais reflexiva diante da preparação dos alimentos?
Sonia Hirsh – Alguns dos povos orientais cozinham tradicionalmente de modo semelhante às práticas culinárias religiosas do budismo, do taoísmo e do hinduísmo, que fazem muitas oferendas comestíveis. Os japoneses consideram que o espírito do ser humano também deve ser alimentado pela beleza do prato. A paciência e a delicadeza são cultivadas, assim como a generosidade, e naturalmente integradas à forma de cozinhar. Tudo isso aparece como poesia aos olhos ocidentais, talvez convide à reflexão.
IHU On-Line – Você vê o ato de cozinhar como um exercício de generosidade, de autoconhecimento e de contato com a natureza. Poderia explicar essa afirmação?
Sonia Hirsh – De generosidade, porque se cozinha para alguém, mesmo que seja só para si mesmo. É generoso o ato de dar e também é generoso o ato de receber. De autoconhecimento, porque, para cozinhar, é preciso olhar para fora e para dentro - ver como está o dia, como está a pessoa, e o que é mais adequado preparar e de que forma. Tem dia de salada de folhas frescas e tem dia de sopa quente de raízes, independente de estar fazendo frio ou calor. Pode estar calor lá fora, e a pessoa estar sentindo frio, que passa com uma sopinha. De contato com a natureza, porque os ingredientes da comida costumam ser naturais na origem, a água é natural, o fogo é natural. Os vegetais podem ser uma aula de natureza. Por exemplo, pega-se um maço de cebolinhas verdes e deixa-se na bancada da pia. Algumas horas depois, ele já está todo apontando para cima. Isso é uma demonstração prática do que os chineses chamam de energia Madeira, ascendente, fresca, primaveril.
IHU On-Line – Quais as alternativas hoje para se ter uma alimentação saudável com tantos agrotóxicos, produtos químicos e alterações genéticas nos alimentos?
Sonia Hirsh – Bom, me parece melhor seguir um estilo mais natural. Meu parâmetro é este: quão perto da natureza está isso? Prefiro o inteiro ao moído, o fogo ao microondas, o cozido ou refogado ao frito ou assado. Compro verduras orgânicas e comuns, dependendo da oferta, mas alguns produtos só orgânicos: vagem, morango, brócolis, frango, ovos. Nosso mercado está apto a atender a todos os segmentos, e quanto mais o consumidor exigir, mais qualidade terá – a um preço mais alto, evidentemente, como em qualquer setor.
IHU On-Line – Quais os malefícios do açúcar para a saúde humana? O que poderia substituí-lo?
Sonia Hirsh – O problema é o excesso de açúcar refinado, mascavo ou mel, que tem potencial de causar um sem-fim de transtornos – obesidade, hipoglicemia, diabetes, candidíase, parasitose crônica, perturbações alérgicas, degeneração dentária, perda de vitaminas e minerais importantes como B12 e cálcio. Podemos escrever páginas e páginas sobre isso. Novamente sugiro o parâmetro natural: procurar obter satisfação no açúcar natural das frutas, frescas ou secas, e ocasionalmente em um ou outro doce ou chocolate irresistível. O açúcar e os biscoitinhos e confeitos que veiculam são instrumentos muito eficientes de manipulação comercial. O que é extremamente imoral, já que leva a problemas de saúde individuais e coletivos, e ilegal, visto que os órgãos oficiais de atenção à saúde deveriam se posicionar melhor a respeito.
IHU On-Line – Quais as conseqüências para a cultura da alimentação da introdução do freezer e do microondas?
Sonia Hirsh – Eles fazem parte do estilo fast-food, junk food (classificação que se dá a alimentos com baixo valor nutricional, típicos do fast food e de produtos industrializados, como salgadinhos e biscoitos recheados, que saciam a fome, mas não alimentam), que nunca vai deixar de existir. Atendem a pessoas que gostariam de se alimentar com pílulas para não ter que lavar pratos, mastigar, sentar, essas coisas. Também dizem que eliminaria o problema de ir ao banheiro, já que até isso virou um problema...
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