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AMOR NATURAL CULINÁRIA

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domingo, maio 28, 2006

VOCÊ VIU O GLOBO REPÓRTER DESTA SEMANA?? A PEDIDOS: MESA FARTA!!

Olá!
Confesso não ser consumidora voraz da programação da Rede Globo, mas como o assunto me dizia respeito (alimentação) fiz questão de assistir o programa GLOBO REPÓRTER da última sexta-feira 26/05, e olha não me arrependi, pois as abordagens sobre mesa farta, aproveitamentos de cascas, talos e sementes de vegetais e uso de legumes, frutas e verduras coincide com tudo que ensino em meus cursos e aplico em minha casa!
Mas a pedidos vou publicar, uma parte hoje e o resto em seguida, uma edição dos principais assuntos abordados.
Quem viu, vai gostar de ler, e quem não viu deveria ter visto, pois foi super importante para o nosso dia-a-dia. Então, vejamos:

O QUE QUE O INHAME TEM??
Folhas em forma de coração. Parece até uma planta ornamental. Uns dizem que é hortaliça. Outros, que é tubérculo ou raiz. Tem gente até que confunde o nome, chama o inhame de cará. Mas os especialistas explicam: o inhame é um rizoma, um caule modificado que leva água e nutrientes para a planta.
"Parte é usada pela planta para crescer e o que não é usado, como a nossa gordura, é acumulado no rizoma", esclarece o engenheiro agrônomo Néstor Herédia, doutor em inhame. No Equador, onde nasceu o professor, o inhame entra cedo na dieta das crianças.
Há 23 anos Néstor mora no Brasil. É pesquisador e professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Defensor ferrenho do inhame, ele diz que o cultivo da planta é muito fácil e barato. Pode até ser uma fonte de renda para os pequenos produtores. "É praticamente plantar, limpar e colher. É só manter – não tem praga, não tem doença", ressalta o professor.
Na região serrana de Santa Leopoldina, no Espírito Santo, os pequenos agricultores descobriram isso. Eles já produzem mais de 5 mil toneladas de inhame por ano e estão exportando para Europa, Estados Unidos e Canadá.
O inhame é uma planta rústica, resistente às pragas. Para crescer, precisa de sol, calor e umidade. Por isso, ele pode ser cultivado em praticamente todo o Brasil. E essa planta guarda embaixo da terra uma reserva de energia: são os rizomas redondos, ricos em carboidratos, sais minerais e vitaminas.
A especialista em educação ambiental Mariza Correia da Silva nunca cuidou muito da alimentação. Mas quando decidiu engravidar, começou a fazer reeducação alimentar. Queria uma gravidez e um bebê saudáveis. E um dos novos alimentos sugeridos pela nutricionista Jaira Moura foi justamente o inhame.
"É um alimento rico em carboidrato, cheio de cálcio, ferro, fósforo, além de ter vitaminas do complexo B, especialmente a vitamina B1, importante no crescimento das crianças, e a vitamina B5, que auxilia o sistema imunológico", ressalta a nutricionista.
O inhame é ingrediente que não falta na alimentação da pequena Joana, que já está com um ano e meio. "Desde os seis meses ela come todos os alimentos, inclusive o inhame, e ama!", conta Mariza.
Rico em amido, o inhame é um enérgico natural para a criançada. A nutricionista alerta: deve ser sempre muito bem cozido. O bom é que a quantidade de carboidratos contida no inhame não o torna calórico demais. "Se compararmos, cem gramas de inhame têm menos calorias que duas bolachinhas recheadas e uma quantidade de nutrientes muito importantes", diz a nutricionista.
Na fabricação da farinha de inhame, o aproveitamento desses nutrientes é total. Primeiro, tem de lavar bem. O inhame é cortado com casca e tudo. Depois de seco, é triturado. Aí é só peneirar. "Nós temos a vantagem de não utilizar nenhum produto químico na produção", comenta o pesquisador equatoriano.
Na casa da engenheira agrônoma Maria do Carmo Vieira, também professora da UFMS, o pão de cada dia tem um toque tropical: a receita tem farinha de inhame.
"Nós fizemos um teste substituindo, por exemplo, 20% da farinha de trigo pela farinha de inhame, e o pão ficou em torno de 10% a 12% mais barato. E podemos usar também o inhame cozido. Não tendo a farinha, que é feita com o inhame seco e triturado, a pessoa pode apenas cozinhar os rizomas e amassá-los. Na mistura para preparar o fermento, vamos dizer assim, tem um pouco de farinha de trigo, uma xícara de açúcar, o fermento para pão e leite morno. A gente deixa crescer e depois acrescenta os outros ingredientes", ensina a professora.
A massa, que dá para seis pães, leva ainda ovos, óleo, manteiga, sal, açúcar mascavo e a farinha de inhame.
"Temos que acrescentar farinha de trigo até o ponto que se possa abrir para montar os pães", diz Maria do Carmo. Na massa aberta, a professora põe ainda um pouco de canela. Depois, é só assar e está pronto. Fica crocante.
Além de gostoso, as qualidades do inhame são tantas que a gente não se cansa de descobri-las. "O inhame, além de minerais e vitaminas, que as pessoas normalmente necessitam na alimentação, tem fibra, que favorece o funcionamento do intestino. Ele ainda é rico em hormônio, que pode amenizar os sintomas da menopausa em mulheres. É só comer o inhame", aconselha a professora.

PÃO COM CARÁ (INHAME),
TARO (INHAME) OU MANDIOQUINHA-SALSA
(Rendimento: seis pães de fôrma grandes)
Ingredientes:
500g de farinha de cará (inhame), taro (inhame) ou mandioquinha-salsa
250g de manteiga ou margarina ou óleo (ou 150 g de nata + 1 copo de óleo)
2 copos duplos de leite morno + 2 copos de água morna
3 xícaras (de chá) de açúcar
1 colher (de chá) de sal
3 ovos
3 colheres de fermento para pão granulado (ou o equivalente em tabletes)
2kg de farinha de trigo

Modo de Fazer:
Misture duas xícaras de farinha de trigo com o açúcar e o fermento e acrescente o leite morno misturado com a água. Depois de crescido, acrescente a farinha de cará, os ovos, a manteiga e o sal e misture bem. Acrescente farinha de trigo até o ponto de enrolar. Forme os pães e deixe crescer. Asse.
Nota: Pode substituir parte do açúcar por açúcar mascavo e enriquecer o pão com farelo de trigo ou outro.



ABAIXO O DESPEDICIO
Quando a novidade surgiu, há alguns anos, trazida pela mãe, a voluntária da Pastoral da Criança Maria Ceiça Hamester, provar alguns alimentos não era tão natural.
"Eu não gostava de salada. Eu olhava, misturava e comia só um pouquinho. Comecei a comer aos poucos e agora sou apaixonada", conta a estudante Katiana Hamester.
"Quando nos casamos, ela não sabia cozinhar. A gente serviu de cobaia no início", conta o funcionário público Luiz Hamester.
Em casa, o lugar mais movimentado é a cozinha, onde a família se reúne. Esse é o laboratório de Maria Ceiça, que já criou dezenas de receitas com o aproveitamento total de frutas, legumes, verduras e folhas encontradas na natureza.
As receitas são resultado de 15 anos experimentando, transformando, inventando. Todo mundo ajuda. "São 15 anos de trabalho escravo", brinca Luiz.
Nesta casa, é proibido desperdiçar. "Às vezes, quando alguém come uma banana e joga a casca fora, todo mundo diz: 'Ah, meu Deus, olha o tanto de comida que você jogou fora'", conta Maria Ceiça.
A história de vida de Maria Ceiça tem a ver com o cuidado dela em não desperdiçar alimentos. Ela sabe o que significa não ter o que comer. "Eu sei o que é fome porque já passei muita fome na vida. Eu comia de dois em dois dias. E o dia em que não comia, eu comia terra para encher a barriga. Essa foi a minha realidade", lembra.
Foi assim, procurando aproveitar ao máximo uma fruta, que ela inventou a sobremesa preferida da família: doce de banana com casca. Na panela, a banana vai ao fogo com um pouco de água até amolecer. Suco de um limão, calda de açúcar em ponto de puxa e... casca de banana bem picadinha, que dá o toque crocante.
"É o poder da multiplicação, da criatividade. Porque a multiplicação vem através da criatividade", comenta Maria Ceiça.
O talento em transformar alimentos se multiplica no trabalho da voluntária nas comunidades atendidas pela Pastoral. Maria Ceiça dá aulas de culinária em pátios de escolas e salões paroquiais. Leva sua experiência de vida de forma apaixonada. Um jeito doce de ser que envolve e conquista as pessoas.
Uma aula de culinária foi lecionada para um grupo de líderes da Pastoral. Elas aprenderam com Maria Ceiça receitas que serão ensinadas para as mulheres das comunidades pobres. É o caminho para que famílias de baixa renda se alimentem melhor gastando pouco.
"Ao fazer o alimento, não podemos ficar conversando em cima dele. O silêncio também é um tempero", ensinou Maria Ceiça.
Da teoria à prática. As mulheres se prepararam para exercitar o milagre da multiplicação. A agitação na cozinha da igreja foi grande. Lava, corta, tritura, tempera... Tudo sob o comando da professora, que não perdeu um movimento das alunas. De olho em cada detalhe do preparo, sempre orientando com a maior delicadeza. E a rainha da mesa foi a melancia.
Estamos acostumados a comer a melancia em fatia ou em suco. Há quem diga que essa fruta é pura água. Mas não é. No curso, até as sementes são aproveitadas. "Além de ter proteína e vitamina C, as sementes também têm cálcio", revela Maria Ceiça. "Da casca, que é rica em fibra, nós fazemos uma farofa".
O cardápio foi variado: pratos principais à base de melancia! Abençoada refeição. Um banquete feito de simplicidade: salada da entrecasca de melancia, farofa da casca de melancia, estrogonofe da entrecasca de melancia, suco de melancia, doce de melancia, saladas, molho vinagrete, arroz enriquecido com talos de verduras, feijão tropeiro, com berinjela frita, que parece toucinho. Ao todo, foram dez pratos.
"Nossa mesa está linda e não tem carne. Então, nós podemos comer muito bem quando não podemos comprar carne", ressaltou Maria Ceiça.
Nessa arte de multiplicar os alimentos, Maria Ceiça e as voluntárias da Pastoral acrescentam outros "ingredientes" que vão ajudar a levar mais comida às mesas brasileiras: amor, paciência, carinho e coragem.


DOCE DE BANANA COM CASCA
(EFEITO CROCANTE PELOS PEDACINHOS DA CASCA)
Ingredientes:
1kg de banana (caturra, d’água, casca-verde ou nanica)
cascas de cinco bananas (as cascas não podem estar muito maduras)
Para a Calda:
½ kg de açúcar cristal
3 colheres de sopa de suco de limão
200ml de água
Modo de Fazer:
Em água corrente, lave bem as bananas com casca. Corte as cascas bem picadinhas e reserve. Cozinhe bananas inteiras com um pouco de água. Após bem cozidas, adicione a calda em ponto de fio, o suco de limão e as cascas bem picadinhas. Deixe cozinhar por mais cinco minutos e desligue.
Calda em Ponto de Fio:
Coloque o açúcar e o suco de limão com água para cozinhar até ponto de fio, de modo que permaneça transparente.


DOCE DE ENTRECASCA DE MELANCIA
(PARTE BRANCA)
Ingredientes:
1kg de entrecasca de melancia cortada em cubinhos
Para a Calda:
½ kg de açúcar cristal
3 colheres de sopa de suco de limão
200ml de água
Modo de Fazer
Leve a entrecasca para cozinhar com pouca água, depois adicione a calda de açúcar em ponto de fio junto com o suco de limão. Deixe cozinhar por mais cinco minutos e desligue.
Calda em Ponto de Fio:
Coloque o açúcar e o suco de limão com água para cozinhar até ponto de fio, de modo que permaneça transparente.
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