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AMOR NATURAL CULINÁRIA

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domingo, maio 28, 2006

NOS 50 ANOS DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS, UMA HOMENAGEM!!


RESUMO
Grande Sertão: Veredas.
João Guimarães Rosa

Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou inexistência do diabo, já que Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa ocasião... Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava: Reinaldo, ou Diadorim. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda aquela árida região. Como o medo da morte e uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas páginas, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher.
Abílio Friedman
http://www.mundocultural.com.br/
Um chamado João
Poema de Carlos Drummond de Andrade


João era fabulista
fabuloso
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?

"Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender? "

Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?

Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?

João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso
cada qual em sua cor de água
sem misturar, sem conflitar?

E de cada gota redigia
nome, curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?
Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
de precípites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?
E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (sei lá
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?
Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar.
Publicado no jornal Correio da Manhã, de 22.11.1967,
e reproduzido em: Em Memória de João Guimarães Rosa.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1968.

Guimarães Rosa, João (1908-1967), escritor modernista brasileiro. Nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, e faleceu no Rio de Janeiro. Formado em Medicina, exerceu a profissão no interior de seu estado natal. Ingressou, em 1934, na carreira diplomática e ocupou vários postos no exterior.
João Guimarães Rosa revolucionou a moderna literatura brasileira. Seus livros em um português muito próprio - criação de uma linguagem literária tipicamente brasileira - revelam, apesar do aparente regionalismo mineiro , um universalismo resistente à qualquer época ou estilo. Seu único romance, Grande sertão: veredas, retrato heróico e lírico da região das Gerais, foi considerado, em 1998, por cem professores brasileiros de literatura, como o melhor livro brasileiro do século XX. Em Grande sertão: veredas salta aos olhos do leitor o esforço artesanal de Guimarães Rosa na procura da melhor palavra, do termo que expresse, com perfeição, a ligação entre texto e contexto. Beirando a poesia, Guimarães Rosa usa rimas internas, aglutinações, repetições vocabulares, fazendo do enredo, e da forma de narrá-lo, uma beleza única que se cristaliza na maravilha do trecho final. Autor modernista, Guimarães Rosa criou um vocabulário singular, repleto de neologismos, muitos inventados a partir da justaposição de palavras existentes. Este estilo está presente, principalmente, em Grande sertão: veredas, romance que narra os conflitos de um sertanejo oscilando entre Deus e o demônio, representados na impossibilidade de um amor.

http://www.geocities.com/slprometheus/html/rosa.htm

Nota:
No site do meu amigo Aloisio Nunes - PANORAMA ARAGUARI também foi postado um ótimo texto sobre Guimarães Rosa e Veredas!
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